- Bônus

Piloto: O que é o Chicotadas?

PILOTO DO CHICOTADAS NO AR! 

Acabou o suspense! No nosso piloto, a equipe do Chicotadas se apresenta e conta quais são os planos para esse podcast. Nós conversamos um pouquinho sobre a nossa jornada no BDSM e na não monogamia e o que o BDSM representa nas nossas vidas. E, é claro, como surgiu a ideia desse podcast, o tipo de conteúdo que queremos produzir e o que vocês podem esperar da gente a partir de agora!

Participantes: Ada, Hugo, Kali.

A vitrine do episódio tem uma foto de equipamentos BDSM de couro, com luz avermelhada e filtro escuro com o título do episódio e a logo original do Chicotadas (a silhueta de um chicote longo posicionada para lembrar uma onda sonora, dentro de retângulo sólido).

Hugo: Atenção, esse conteúdo é produzido por adultos, para adultos, e não deve ser consumido por menores. Se você ainda não tem 18 anos, nós não damos o nosso consentimento para que você continue escutando.

Ada: Eu sou a Alene, ou Ada, mas você também pode me chamar de Rainha do Aftercare.

Kali: Meu nome é Patrícia, conhecida também como Kali, mas você também pode me chamar de a Louca do Shibari.

Hugo: Eu sou Hugo, o Louco dos Meiões, e nós somos o Chicotadas.

Kali: Você está ouvindo o Chicotadas, um podcast entre tapas e cuidados, e demais gostos peculiares pelos quais você talvez se interessaria. Aqui nós vamos conversar sobre BDSM, sexualidade, não monogamia, poliamor e estilos de vida alternativos.

Ada: Este podcast é produzido por três amigos praticantes e membros ativos da comunidade BDSM, com diferentes gostos, anos de estrada e experiências, e a gente espera que você goste de nos ouvir e debater conosco sobre esse universo tão vasto e excitante. E como o Hugo falou, nós somos os Chicotadas, e esse daqui é o nosso piloto, o trailer do nosso podcast em que a gente vai contar um pouco mais sobre o nosso conteúdo e o que esperar da gente a partir de agora, a partir do episódio 1, que esse daqui vai ser o episódio 0. A gente vai falar vários termos durante esse bate-papo, porque como vocês já viram, a gente vai falar sobre BDSM, poliamor, sexualidade e tudo mais.

A gente vai tentar explicar esses termos durante a gravação, mas o que não tiver explicado aqui, o que a gente não incluir a mais, pode ter certeza que no episódio 1 e no episódio 2 a gente vai explicar direitinho pra vocês o que é cada um desses nomes que talvez não sejam conhecidos de todo mundo.

Hugo: Como deu pra notar, a Alene é a virginiana que organiza tudo do grupo.

Kali: Gostamos assim.

Ada: Sim, sim. Todo mundo precisa ter uma virginiana pra chamar de sua, entendeu?

Ou pra não chamar de sua, né?

Kali: Ou pra chamar de sua, sua rainha.

Ada: Exatamente, muito bom.

Bom, começando, o que vai ser o Chicotadas? O que é esse podcast? O que a gente pretende ser a partir de agora?

O que o pessoal pode esperar da gente?

Kali: A gente vem de um background onde a gente teve que suar muito a camisa, pesquisar muito pra conseguir uma migalha de informação sobre o que é o BDSM. Então a nossa ideia é basicamente trazer esse conteúdo formatado numa mídia amigável pras pessoas, onde elas não precisem saber inglês, espanhol, italiano, francês, nenhuma língua diferente do português, pra que elas possam aprender sobre o BDSM. De uma forma informada, assim, de uma forma com pesquisa, com checagem, uma forma interativa, onde vocês podem interagir com a gente, onde vocês podem falar "Ei, vocês falaram alguma coisa errada aqui", né?

"Não é bem assim." E de uma forma lúdica até, engraçada, divertida, baseada na nossa experiência mesmo. Porque a gente tem aqui diferentes graus de experiência, diferentes graus de aprendizado, relações e etc.

Eu, por exemplo, fico mudando o tempo todo, né? Nunca fui tão geminiana nessa vida. Então, assim, cada vez que a gente grava esse piloto, todo um jeito diferente.

Então, a gente vai trazer isso pra vocês de uma forma que vocês consigam entender o BDSM, o poliamor, a sexualidade, as relações afetivas e amorosas e todo o escambau de sexualidade mesmo, de uma forma gostosa de ouvir, gostosa de acompanhar, né? Sem perder a parte didática, sem perder a parte da teoria. Mas de uma forma que não seja chata, né?

A gente não quer ser chato.

Ada: É verdade. A gente quer promover esse debate de um jeito informal, de um jeito como se fosse uma conversa de bar, mas também ajudando quem está chegando agora a ter mais informação que nem sempre vai ter acesso facilmente na internet, porque a gente vê que agora que a galera está começando a produzir mais conteúdo sobre BDSM em português. A maior parte do conteúdo sobre BDSM disponível atualmente ainda é em inglês e acaba tornando o acesso a isso muito elitizado, né? E muito difícil mesmo de conseguir formar uma base de aprendizado para poder praticar de forma segura e saudável, né?

Kali: É uma ideia de democratizar o acesso a essa informação mesmo, né?

Ada: Sim, sim.

Kali: De uma forma gostosa.

Hugo: A nossa ideia aqui é trazer justamente esse conteúdo e fazer uma curadoria de conteúdo, porque primeiro que você vê certos conteúdos repetidos em vários sites e acredita que aquilo é verdade, quando às vezes aquilo não é bom, prático, de ser algo que realmente as pessoas fazem no dia a dia e que seja saudável para todo mundo, né? Porque tem muita gente que pratica coisa aí que não é exatamente saudável.

Esse conceito vai ser um conceito que a gente vai falar muito de consensualidade e saúde no primeiro episódio. Acho que é isso que a gente veio fazer aqui.

Ada: Ah, e o Chicotadas é um projeto antigo, porque a primeira tentativa de gravação aconteceu em março de 2019 e a gente perdeu essa gravação, deu ruim. Engavetamos o projeto e agora na pandemia, meio de 2020, retomamos. Agora nós estamos gravando esse piloto no dia 18 de setembro de 2020.

A gente espera que ele seja o definitivo e que ele saia. De verdade, porque já é a quarta tentativa de gravar um piloto, mas agora vai.

Hugo: Minha promessa: se a gente chegar a 10 mil downloads, eu divulgo os 4 pilotos editados.

Kali: 3, por que o primeiro ninguém tem, desculpa aí.

Hugo: Eu tenho.

Kali: Você tem?

Hugo: Tenho.

Ada: Numa qualidade de áudio horrorosa, mas você tem.

Hugo: Exatamente.

Ada: Nossa, esse vai ser para guerreiros.

Hugo: Com 10 mil downloads, a gente paga um editor para fazer isso.

Ada: Eu acho que nenhum editor salva a qualidade daquele áudio, ficou muito ruim.

Kali: A gente publica em qualidade ruim só para a galera dar risada.

Hugo: Exatamente, exatamente. E eu vou fazer edição para que fique você trocando de posição.

Kali: Droga.

Ada: Nossa, a edição vai ser maravilhosa. Corta para a Kali, 3 meses atrás.

Kali, ano passado. Kali, mês passado, Kali agora. Gente, já chegamos lá, já vocês vão entender do que a gente tá falando. A pessoa mais geminiana que você vai conhecer na sua vida. Enfim, a gente falou porque o Chicotadas...

É, o Chicotadas surgiu, eu acho que muito porque a gente sentia falta desse conteúdo bacana em português. Eu pessoalmente sentia falta do tipo de conteúdo que eu gosto de consumir em inglês porque eu sou uma pessoa que sou muito do audiovisual, eu gosto de vídeo, eu gosto de áudio. E tem pouquíssimas opções no Brasil, principalmente ano passado, quando a gente teve a ideia pela primeira vez, tinha nada, eu acho.

E agora que começou a surgir mesmo, eu ainda sinto falta desse conteúdo que eu sinto que é minha cara, sabe? Como a gente já falou, nós não somos especialistas, nós somos só amigos praticantes, não somos donos da verdade, não pretendemos ser os grandes donos da verdade. Vamos trazer três perspectivas diferentes, vamos trazer convidados para ter perspectivas diferentes também.

Kali: E a gente tem uma questão de que a gente também não é especialista do nível... Vamos fazer uma tese de mestrado sobre o negócio. Não, a gente fala sobre o que a gente vive estritamente.

A gente não vai ficar aqui discorrendo horas e horas sobre teoria. A gente vai falar sobre o que a gente vive, sobre o que acontece de verdade nos eventos, nas sessões. Vocês vão ver muito sobre o BDSM real, que nem aqueles memes que a gente vê sobre sexo de verdade que tem risadas, tem bagunça, tem barulhos engraçados, tem cabeçada um no outro.

O BDSM de verdade é exatamente isso. É você planejar aquela sessão maravilhosa e você começar a rir compulsivamente no meio da sessão e fazer uma sessão engraçada em vez de uma sessão super sexy. É você planejar um negócio e ele não sair como você esperava e você ficar frustrado e chateado.

E essa sessão não ser tão boa quanto você pensava para você, mas para a pessoa que está contigo, para o teu parceiro, ser maravilhosa. E você ficar tipo, cara, onde é que eu errei? E o parceiro, meu Deus, isso foi sensacional.

E daí você fica tipo, nossa, desculpe. E a pessoa, desculpa o quê, cara? Foi a melhor coisa que eu já fiz na minha vida.

E você, hã? É sobre você achar que está abalando e o parceiro está tipo, tá, beleza. Já acabou, Jéssica?

Tipo, acontece, gente. O BDSM, ele tem dessas coisas, ele é muito real. E é isso que a gente vai vir falar aqui.

Hugo: É sobre descobrir que o seu melhor instrumento às vezes está no R$1,99 Então, que ele pode ser barato, ele pode ser fácil, desde que tenha criatividade. E, principalmente, ele tem que ser seguro.

Kali: Os meus grampinhos de bambu de 1,69 do Condor.

Ada: E, às vezes, tudo que você precisa é o que já nasceu com você, né? Você não precisa ter um arsenal gigantesco para ter uma sessão muito divertida.

Kali: É verdade.

Ada: E que seja um tesão, obviamente.

Kali: Fico até corada com isso, desculpa. Fazendo a virgem aqui, né?

Ada: Muito pura, né, Kali?

Kali: Não, total. Eu, Kali, eu enxergo o BDSM como uma parte da minha vida. Ele não é um estilo de vida, porque eu não vivo só isso.

Eu trabalho, eu estudo, eu tenho uma relação baunilha. Eu levo o cachorro do meu namorado passear. Eu converso com a minha mãe.

Eu brigo com as cachorras dela. Eu tenho meus amigos. Eu faço várias outras coisas fora o BDSM.

O meu estilo de vida, na verdade, é uma mistura de muitas coisas. Mas o BDSM é tipo quase um terço da minha vida. A minha relação hoje é uma relação baunilha e BDSM.

E eu tenho muitos amigos que o BDSM me trouxe. Sou sócia de um clube BDSM aqui em Curitiba. Então, assim, o BDSM é uma parte gigantesca da minha vida.

Mas eu não posso dizer que ele seja um estilo de vida. Ele é um hábito. Ele é uma parte da minha sexualidade.

Ele é uma das formas que eu encontro para expressar meu gênero. Minha orientação sexual. Tudo o que trata de sexualidade pra mim envolve com toda certeza o BDSM.

Então, assim, pra mim, Kali, ele é parte de quem eu sou. E pra você, Alene?

Ada: Pra mim é bem parecido, sabe? Eu sinto muito o que a Kali acabou de falar também.

Claro, o que é preto no branco e tons de cinza do BDSM, a gente vai falar no primeiro episódio. A gente vai passar por todas as letrinhas, vai descrever situações abordadas por todas as letras, porque é esse universo, essa subcultura, esse universo de práticas e tudo mais, que envolve hierarquia, envolve um top e um bottom, etc, etc. Aguardem que no primeiro episódio a gente vai falar disso.

Mas assim, pra mim, o BDSM na minha vida também é uma parte gigantesca, que eu descobri muito recentemente. É uma coisa que eu comecei a praticar de verdade faz dois anos e pouco. Então eu sou uma bebê Domme.

Mas pra mim tem muito disso, a parte da minha vida, muitos dos meus amigos eu conheci no BDSM ou apresentei o BDSM pra eles. Pra mim é uma forma de me expressar, uma forma de expressar minha identidade e também de me expressar artisticamente também. E é um hobby, uma coisa muito divertida que eu faço com os meus amigos, que eu faço com as pessoas que eu gosto.

E claro, é um universo delicioso que tem muito a ver com a minha sexualidade também. Hoje em dia, é isso que a Kali falou, eu praticamente não consigo imaginar a minha sexualidade sem elementos de BDSM, sem esse jogo tão divertido que a gente cria, que é basicamente um RPG para +18. E pra você, Hugo, o que é o BDSM pra você?

Hugo: Eu gostei desse RPG para +18. Concordo com a Kali, acho que talvez dos três, na rua eu seja o que passe mais assim... Você nunca olharia pra minha cara e falaria com certeza esse aqui... Mas pra mim é parte fundamental, pilar da minha sexualidade, de todas as pessoas com quem eu me relaciono no sentido mais amoroso.

Isso é algo a ser levado em conta. Igual e diferente da Kali, Eu não penso hoje- lógico, pode ser que nos próximos capítulos vocês riam de mim por que eu tenho mudado- mas ter um relacionamento- já que eu sou pisciano, mais perdido do que o geminiano ainda. Então, de ter um relacionamento afetivo que não esteja, não fio condutor, mas como um lugar de troca, de conversa muito diferente.

Eu gostei do RPG +18, porque sim, a gente entende que ali é uma atuação, é só uma brincadeira, e é uma brincadeira muito gostosa e se feita de forma saudável, é muito bom.

Kali: E quem você é, Hugo, no BDSM? Quem é você, até então?

Hugo: Então, eu uso meu nome como meu nick, exceto no Instagram, que tá como @aprendizbondage. Eu tenho 29 anos, sou do interior do país, não vou dar cidade precisa, por questões pessoais aí. Sou switcher, homem cis, hétero. A cota aqui.

Kali: Ui, credo!

Hugo: Em constante trabalho e retrabalho, se descobrindo os seus preconceitos, é claro.

Ada: Flexibilizar esse negócio aí.

Hugo: Podemos trabalhar nisso.

Ada: Tô aqui, tá? A gente conversa.

Hugo: Entre bastidores, eu estou com relação de DS com a Alene, então, ela manda e tudo o que ela falar eu obedeço, ou não, pra ser punido.

Ada: No momento da gravação desse podcast, eu que tô mandando no Hugo, então, acompanha as próximas cenas.

Hugo: Acompanha as próximas cenas. Práticas: o Bondage, e meias longas suadas. São dois traços, assim...

Kali: E os prendedores?

Hugo: E os prendedores também. Nos inícios das internets, comecei a entender que o que me excitava era diferente dos outros, e nunca entendi direito.

Eu vim entender isso bem mais tarde, que existiam as pessoas que gostavam só disso. Mas eu gostava de ver na internet fotos de mulheres amarradas, e achava isso meio estranho. Mas eu fui entendendo que se a menina gosta, tá tudo ok.

Agradeço muito ao Fotolog Algemadas, que sobrevive.

Kali: Cara, o Fotolog é um bagulho antigo, hein? Meu Deus do céu.

Ada: E quanto tempo você tem de BDSM, hein, Hugo?

Acho que você não falou. Você falou do Cadê, né? Que as pessoas já te localizam no tempo.

Mas, assim, só pro pessoal ter uma ideia.

Hugo: Eu tenho aproximadamente mais de 10 anos já nos rolês, assim. Fui ver meus primeiros, minhas primeiras trocas de e-mail.

Ada: Caralho.

Hugo: No grupo do Yahoo. As costas doeu aqui, né? As criancinhas nem sabem o que é isso.

Kali: Oi, vó.

Hugo: Eu posso dizer, quando eu cheguei aqui, era tudo mato.

Kali: E é muito louco, né, que uma pessoa tão jovem seja tão antiga no meio, né? O que prova que, tipo, não tem idade pra você se descobrir BDSM-er.

Hugo: E a senhora, Kali?

Kali: Bom, então, meu nome é Patrícia, né? Eu tenho 33 anos. O meu nick é Kali, em homenagem à deusa da destruição e à Santa Sara Kali, a padroeira dos ciganos.

Ambas. Inclusive, a minha cor no BDSM é o azul, em homenagem à Santa Sara Kali. Eu sou de Curitiba, Paraná.

Eu sou uma pessoa bem pública quanto ao BDSM, ao Shibari, porque eu sou a louca do Shibari, basicamente, né? Sou muito conhecida no meio como uma pessoa, uma figura proeminente no Shibari. Eu sou instrutora de Shibari também.

Gente, vocês vão me ouvir falar muito de Shibari nesse podcast. Então, já vão gravando.

Hugo: O que diabos é Shibari, tia?

Kali: Que o Shibari é a amarração japonesa das pessoas de forma artístico-erótica. Você pode fazer artístico, você pode fazer erótica, você pode fazer os dois. Você pode fazer dela a sua expressão de você, o que você bem entender.

Basicamente, assim, eu sou mega pública quanto a tudo que eu faço no Shibari. Então, assim, vocês vão me achar no Facebook como Patricia Kali, vão me achar no Instagram como Patricia Kali, @riggerkali. Vão me achar no FetLife como Rigger Kali.

Vão me achar em um monte de lugar. Eu organizo aqui em Curitiba o Atados no Parque, que é o nosso evento de Shibari e Rope Bondage, que antigamente, nos tempos em que não havia pandemia, era um evento mensal. Na primeira gravação do Chicotadas, eu falei que eu era top.

Na segunda também, na terceira também.

Hugo: Na terceira não.

Kali: Na terceira eu falei que eu era top. Na gravação passada, 30 de agosto, nem vem. Você nem tava aqui?

Ridículo.

Ada: É verdade. Shiu, Hugo. Shiu!

Kali: Eu falei que eu era top. Mas, assim, hoje em dia... Hoje em dia, eu tô com um dono.

Eu tô em negociação com o meu namorado. A gente começou a sair faz um tempo e, de repente, eu me vi querendo me submeter a ele. Então estamos aí, mordendo a língua pra caralho.

Ada: Porque o BDSM é o quê? Como a nossa amiga já falou. O BDSM é um eterno cuspir pra cima e cair na testa.

Kali: Nossa, 100%.

Ada: Nunca diga, nunca vou fazer isso. Jamais vai acontecer tal coisa.

Porque, olha, você não sabe o dia de amanhã.

Kali: Eu falei, gente. Tá pra nascer o homem que vai me dominar. 4 de novembro de 1991.

Ele já tinha nascido. Nem sabia, né? Mas, ok.

Então, assim, hoje eu tô com uma posição indefinida, porque eu me considero ainda top. Porém, eu me submeto única e exclusivamente a ele. Eu ainda tô com reservas pra dizer eu sou switcher, porque eu não me sinto switcher ainda.

Mas eu não posso dizer que isso não vai mudar num futuro próximo. Talvez no episódio 1 eu já tenha conciliado isso.

Ada: O episódio 3, a gente vai falar da gente no 3, aí talvez até lá já tenha...

Kali: No 3 eu tenho certeza que isso já vai estar definido. Se eu vou realmente me entender como top ou como switcher. Mas, assim, no 1 talvez isso já tenha dado uma luz, assim.

Enfim, aguardemos cenas dos próximos capítulos com relação a isso. Mas, assim, eu, Kali, eu sou demigirl. Eu não sou nem homem, nem mulher.

Eu, às vezes, eu sou alguma coisa sem gênero. A maior parte do tempo eu atendo como mulher. Ele, ela, tanto faz.

Não sou muito fã de pronomes neutros, porque, enfim, não me identifico com eles. A minha orientação sexual é o omnissexual. É a orientação sexual de quem gosta de pessoas e leva em consideração a identidade de gênero apresentada por essas pessoas e a expressão de gênero delas.

Fiz agora dia 6 de setembro, 10 anos, de BDSM. Bonitinha. Com o meu primeiro contato.

Comemorei com uma sessão como bottom. A minha primeira sessão com sucesso como bottom, diga-se de passagem, foi bem legal. Eu gostei bastante.

E vocês não estão vendo, mas eu tô vermelha. Ai, ai. Mas, assim, eu comecei tendo certeza que eu era sub, tentando me submeter ao namorado da época e não dando certo.

Aí eu levei quase 6 anos pra me assumir como top. Foi um puta processo. E daí, 4 anos depois, joga tudo pra cima e vamos experimentar ser bottom de novo.

Geminiana pra caramba. E você, Alene? Você que é o nosso nenê Domme aqui, nosso baby.

Conta um pouquinho mais da tua jornada pra gente, que a gente tá doido pra ouvir.

Ada: Bom, gente, eu sou realmente a bebê. Eu tenho 2 anos e pouquinho só de comunidade, de prática. Meu nome é Alene.

Meu nick é Rainha Ada, mas quem ouve esse podcast sabe que meu nome é Alene, não tem problema nenhum de me chamar pelo nome. Eu tenho 33 anos. Eu sou uma mulher cis que mora em Curitiba também.

Eu sou top, principalmente Domme, mas eu gosto de falar que eu sou naturalmente caregiver porque eu sou muito maternal, eu gosto de cuidar de todo mundo. O pessoal adora meu aftercare. Eu tô sempre dando aftercare pra todo mundo, tipo, ah, mas eu não tive nenhuma prática.

Não importa, vem cá, dá um abracinho, deixa eu cuidar de você. Eu sou demissexual, que tá no espectro da assexualidade. Pra eu sentir atração sexual e outros tipos de atração por alguém, eu tenho que ter algum vínculo, alguma conexão a mais com a pessoa.

E eu passei muito tempo me dizendo heterossexual porque a minha atração sexual ainda tá relacionada mais a pessoas com expressão de gênero masculina, né? Mas, pra todas as outras atrações, eu sinto atração por todos os gêneros, então eu me sinto meio falsa falando que eu sou hétero, porque eu não sou bem hétero, mas também não sou pan, né? Então eu prefiro dizer que eu sou demi e aí a gente vê, porque cada pessoa é um caso, cada pessoa é uma pessoa e depende da conexão que você cria com ela pra eu ter vontade de beijar, de transar, de jogar, de maltratar e tudo mais.

Eu sou poli. Todo mundo aqui é poli?

Kali: Eu sou.

Ada: Não-mono?

Kali: Eu sou.

Ada: Sim, sim. É tanto que a gente vai falar de poliamor aqui nesse podcast também, até porque o poliamor tem bastante conexão com o BDSM pelo menos nos meios onde a gente frequenta, né?

Muita gente é poli e é bem interessante analisar isso dessa ótica também, né? Eu me considero solo poli, que é assim, eu sou solteira, sou poliamorista, então eu tenho interesse em desenvolver vínculos com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, mas eu não tenho interesse em ter relacionamentos com nome, assim, sabe? Tipo, namorar, morar junto, subir a escadinha do relacionamento, sabe?

Casar, ter filho, então isso seria a classificação do solo poli.

Kali: Ter filho eu não quero, mas eu sou a pessoa que adoro uma formalidade, uma coisa brega.

Ada:Adora uma aliancinha, adora um namoradinho.

Kali: Namoro e aliança gosto, gosto muito. Muito!

Ada: Nesse momento eu considero que eu não tenho nenhum interesse, mas é aquilo, a gente não cospe pra cima, porque não sabe o dia de amanhã. Tudo pode acontecer, entendeu?

Sexualidade é fluida, as atrações são fluídas, e é melhor não dizer nenhuma verdade absoluta, porque a gente não sabe o que pode acontecer. Mas enfim, a gente vai falar mais disso no episódio 3. A minha relação com o BDSM é que eu sempre fui muito cabeça aberta, eu tive uma fase da minha vida adulta que eu passei muito tempo bloqueada sexualmente, assim, eu passei muitos anos sem transar, mais de 6 anos sem nem beijar na boca, sabe?

Eu nem consigo imaginar isso hoje em dia. Mas mesmo nesse período, eu sempre fui muito cabeça aberta, sempre estudei muito, sempre li muito sobre sexualidade em geral, tanto que eu sempre fui a pessoa que meus amigos vinham pedir opinião, vinham pedir conselho, vinham perguntar alguma coisa sobre sobre sexualidade que eles não sabiam responder, ou eles não sabiam onde pesquisar, ou não sabiam ah, isso é normal, não é normal, e eu sempre fui a cabeça aberta que conversou com todo mundo. Mas eu achava que esse negócio de BDSM não era pra mim não, porque às vezes você cai nos pornôs, você pensa, nossa, mas que maldade, essa pessoa tá sendo tão malvada, ele não tá gostando, não é legal.

Porque a gente sabe que pornô não é vida real, enfim, fui aprender com o tempo, que aqui a gente vai falar de BDSM real, então... E aí eu comecei a ter mais interesse quando dois amigos meus, mais ou menos na mesma época, ali em 2016, 2017, começaram a se interessar por esse mundo e começaram a ter práticas relacionadas a isso, e um deles vinha muito conversar comigo, eu achava aquilo muito interessante, porque eu sempre fui muito curiosa, e aí eu comecei a pesquisar pra poder conversar com ele e opinar sobre as coisas que estavam acontecendo na vida dele. No que eu fui começar a pesquisar, eu fico assim, tipo, nossa, esse negócio pode ser interessante, parece que esse negócio pode ser saudável, parece que, hum, acho que eu gosto disso, nossa, que interessante controlar pessoas, né, e elas concordarem com isso, e eu canalizo a minha necessidade virginiana de mandar em alguém e a pessoa me obedecer,

Kali: Com gosto.

Ada: hum, com gosto, e ainda falar obrigado senhora, entendeu?

Kali: Que delícia!

Ada: E eu ainda posso usar essa minha coisa de querer cuidar de todo mundo pra dar ordens pra pessoa melhorar a qualidade de vida dela e ser mais produtiva, pera, eu gosto disso daqui, e aí fui descobrindo práticas também que me interessavam muito, sempre me interessei pela coisa do pegging, ou o que muita gente conhece como inversão, que eu não acho o termo correto, mas pra vocês entenderem melhor o que é, e aí eu fui descobrindo que eu gostava e tal, e comecei a entrar, e entrei realmente na comunidade, comecei a praticar em meados de 2018, que foi quando eu conheci a Kali, a Kali por um período, ela, tipo, foi minha, hoje em dia, somos amigas, sempre fomos, né, desde que a gente se conheceu, mas teve uma época que ela, ela me ajudou muito, que ela foi assim, bem minha mentora, me ensinou coisas, tipo, primeira vez que eu batia em alguém, essas pessoas estavam lá, a Kali me ensinou a bater na bunda do Hugo.

Kali: É uma honra ter participado disso, inclusive.

Hugo: Ser alvo é sempre uma honra.

Ada: E aí foi a época que a gente foi elaborando isso do podcast e tal, e é essa a nossa relação, eu e a Kali somos amigas, o Hugo é partner de nós duas, e só que ele mora longe, né, então a gente joga de verdade quando estamos no mesmo recinto, na mesma cidade, no mesmo recinto, e nesse período de pandemia eu tô aqui brincando de mandar no Hugo um pouco, né, Hugo?

Kali: À distância. O distanciamento social dele está, tipo, top, top.

Hugo: Sim, sim.

Ada: Bom, gente, esse foi o nosso piloto, espero que vocês tenham gostado, foi um episódio mais curtinho, tá? Meio horinha aí, pra vocês terem uma ideia mais ou menos do que é o Chicotadas, e como a gente chegou aqui, mas os nossos próximos episódios vão ser um pouco mais longos, acho que a gente vai lançar episódios aí entre uma hora e uma hora e meia, e a gente vai começar pela definição dos termos básicos de todas aquelas todas aquelas sopas de letrinhas que você precisa conhecer pra entender os debates que a gente vai fazer depois.

Kali: Se você tiver qualquer comentário a fazer, seja um feedback positivo, puxão de orelha, perguntas, histórias, manda uma mensagem pra gente. A gente tem o Instagram do podcast, que é o @chicotadaspodcast, você também pode enviar um e-mail pra chicotadaspodcast@gmail.com ou mandar uma mensagem anônima no nosso Curious Cat, que é o chicotadaspodcast curiouscat.qa/chicotadaspodcast Manda pra gente que a gente vai adorar interagir com você, e se você autorizar, nós podemos ler sua mensagem, né, num próximo episódio, ou em algum outro episódio, e se você ainda quiser, nós podemos tanto manter, quanto revelar a sua identidade. E se você quiser entrar em contato comigo, Kali, é só você chamar no Instagram, @riggerkali Pra entrar em contato com a Alene, você vai no @rainha.ada.

E com o Hugo...

Hugo: @aprendizbondage, ou @bondageaprendiz, eu nunca sei qual dos dois é, depois a Alene corta o certo na edição.

Ada: Hugo, é @aprendiz_bondage você não sabe seu próprio Instagram, menino? A gente sabe seu Instagram, você não sabe.

Hugo: @aprendiz_bondage e eu amo a mágica da edição.

Ada: Eu acho que eu vou deixar isso aqui só de graça. Ai, ai. E esse foi o Chicotadas de hoje.

Obrigada a você que nos ouviu até aqui, e a gente espera que você tenha gostado.

Lembrando que nós somos apenas amigos, não especialistas, que amam esse universo e que querem tornar o conteúdo sobre BDSM e sexualidades alternativas e não monogamia, mais acessível pra mais brasileiros. Não temos nenhuma intenção de sermos donos da verdade e queremos criar um ambiente saudável pra troca de experiências e o debate com vocês que nos escutam.

Nossos episódios serão lançados a cada duas semanas e a gente espera te ver de volta por aqui no próximo.

Com o fim da nossa sessão chegou a hora do aftercare. E aí, gente? Qual vai ser o aftercare de vocês hoje?

Kali: Ah, hoje eu vou sair com o namorado, né? A gente vai fazer um programinha baunilha, alguma coisinha light.

Hugo: Eu vou jantar e vou começar a preparar que tenho um vídeo para editar bem importante, nesse final de semana. E você, Alene?

Ada: Hoje eu vou ter mais uma chamada de vídeo com uma amiga, e acho que vou ver um seriado depois.

Kali: Ai, que gostoso.

Ada: E é isso gente, bom aftercare pra vocês e até a próxima!

Hugo: Até a próxima!

Kali: Até!

Verbete

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